AMANHECER II
(Lembrando Miguel Torga. Sempre.)
DESPERTAR
Na alta e larga janela
Aberta aos longes do Sul,
Emoldurou-se uma tela
De céu azul.
Nenhuma nuvem, nenhuma pena.
Serenidade
Que não responde, se alguém acena,
Que não tem seiva de humanidade.
Ali, os olhos não choram pranto,
Nem os ouvidos querem ouvir.
Muda paisagem, o seu encanto
É não dar ânsias de a possuir.
Fecho a janela, mato o nirvana.
Tenho raízes.
Regresso à terra, quente e profana,
Onde os sentidos são mais felizes.