DIVAGANDO DEVAGAR (SOBRE UM LUGAR ESPECIAL) II

Endovélico era uma das divindades do panteão lusitano a que se prestava culto na Rocha da Mina, afloramento rochoso junto à ribeira de Lucefecit, no concelho do Alandroal.

Tratava-se de um culto de grande importância e terá sido, por isso, adoptado e adaptado pelos romanos que o transferiram para um outeiro perto de Terena (S.Miguel da Mota) construindo-lhe aí um templo.

A interpretação dos materiais arqueológicos encontrados neste local, demonstram a crença em Endovélico como deus da fertilidade e do amor, da cura e da regeneração dos homens, condutor das almas e protector dos viajantes. No entanto, esta sobreposição de atribuições num único deus, parece sugerir uma crença mais primitiva numa Grande Deusa primordial, cuja força telúrica e lunar dominava a luz e as trevas, a vida e a morte. E o renascimento.

(Texto resumido de O Santuário Alentejano de S.Miguel da Mota de Gabriela Morais)

DIVAGANDO DEVAGAR (SOBRE UM LUGAR ESPECIAL) I

" [...] Por isso, os antigos habitantes, agora instalados ao longo da ribeira, continuam a trazer oferendas à divindade, pois sabem que lhe devem a vida, o pão e a segurança que lhes permite amanhar a terra, caçar, apascentar o gado e, pela tardinha, acender com toda a tranquilidade os seus fogos para preparar a refeição da noite.

[...] Finalmente estou só, envolvido pelo grande silêncio da terra. E este silêncio, tão profundo que nele se perdem o canto dos pássaros e o silvo do vento, liberta a minha alma. Quando nele mergulho o deus fala-me, por vezes. [...] Finalmente, estou em paz com todos os homens e posso ouvir, no silêncio, a voz do Senhor Endovélico."

João Aguiar
A Voz dos Deuses

NAMORO

Não tenho
as rosas
levadas em ramos
não tenho
os corações
enchendo o dia
não tenho
laços
fitas
trapos...

Tenho-te!

e uma vela
e um recanto
e a noite...a noite...a noite
tocada a quatro mãos...

M.M.Cruz

PEQUENA HOMENAGEM A UM GRANDE HOMEM

"E porque viver me é excelente, cada vez gosto mais de menos gente."

Agostinho da Silva


Parabéns ao professor Agostinho da Silva pelo seu centésimo aniversário.
(Porque ele continua entre nós.)